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sábado, 24 de setembro de 2016

Vodu

Vodum, vodun, voodoo ou vodu são termos que se referem aos ramos de uma tradição religiosa baseada nos ancestrais que tem as suas raízes primárias entre os povos Ewe-Fon do Benim, onde é, hoje, a religião nacional, com mais de 7 milhões de adeptos. Além da tradição fon, ou do Daomé, que permaneceu na África, existem tradições relacionadas que lançaram raízes no Novo Mundo durante a época do tráfico transatlântico de escravos (século 16 - século 19) e que persistem até hoje, como o candomblé brasileiro, o vodu haitiano, a santería cubana, o vudu da Luisiana etc. "Vodum" pode designar tanto a religião quanto os espíritos centrais nessa religião.

O vodum da África Ocidental (Vodun ou Vudun na língua fon do Benin e da Nigéria e na língua ewe do Togo e Gana) é uma religião tradicional da costa da África Ocidental, da Nigéria a Gana. É distinta das religiões animistas tradicionais do interior desses mesmos países, e semelhante a diversas religiões surgidas com a dispersão africana no Novo Mundo, como o vodu haitiano, o vodu da República Dominicana, o candomblé jeje no Brasil, o voodoo da Luisiana e a santería em Cuba, que são sincretizadas com o cristianismo e as religiões tradicionais africanas do povo bacongo.
É praticado pelos Ewe, Kabye, Mina, Fon e (com um nome diferente) os povos iorubás do sudeste do Gana, Togo meridional e central, Benin meridional e central, e sudoeste da Nigéria. A palavra vodún (pronunciado vodṹ - ou seja, com um u nasal em um tom alto) é o termo Gbe (Ewe-Fon) para a palavra "espírito".
60% da população do Benim, cerca de 4,5 milhões de pessoas, pratica vodum. Além disso, muitos dos 15% da população beninense que denominam-se "cristãos" praticam, na verdade, uma religião sincretizada, semelhante ao vodu haitiano ou ao candomblé brasileiro. Muitos deles são descendentes de escravos libertos brasileiros que se fixaram na costa perto de Ouidah. Em Togo, cerca de metade da população indígena pratica religiões, das quais o vodum é, de longe, a mais seguida, com cerca de 2,5 milhões de seguidores. Pode haver outros milhões de vodúnsis entre os ewés de Gana: 13% da população de 20 milhões são ewe e 38% dos ganenses pratica religiões tradicionais. Cerca de 14 milhões dos nigerianos pratica religiões tradicionais, principalmente o vodum.
  Brasil
A tradição e a cultura dos escravos jejes, ewés, fons, minas, fantes e axântis deram origem no Brasil às tradições conhecidas como:
  • Candomblé jeje: teve início em Salvador e no Recôncavo baiano, nas cidades de Cachoeira e São Félix e outras, depois migrou para o Rio de Janeiro, São Paulo em maior número.
  • Tambor de Mina: ficou restrito a São Luís do Maranhão com a única casa de Jeje-Mina no Brasil que é a Casa das Minas.
  • Xangô do Nordeste, Xangô do Recife, Xangô de Pernambuco ou Nagô-Egbá ou Jeje-Nagô: teve início na Região Nordeste do Brasil. Uma parte migrou depois para outros estados.
  • Tambor do Golfo
Cuba
A tradição fon mais ou menos "pura" de Cuba é conhecida como La Regla Arará. .

Estados Unidos

É importante notar que a palavra Voodoo é a mais comum, conhecida e usada na cultura popular americana, embora seja vista como ofensiva pelas comunidades praticantes da Diáspora africana. As soletrações diferentes deste termo podem ser explicadas como segue:
A palavra voodoo é usada para descrever a tradição creole de New Orleans; vodou é usado para descrever a tradição vodu haitiana.
O vudu da Luisiana, também conhecido como New Orleans Voodoo, é uma religião da diáspora africana, uma forma de espiritualidade que foi desenvolvida falando-se a língua francesa e o Creole pela população Afro-americana do estado de Luisiana, nos Estados Unidos
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Haiti
O vodu haitiano, chamado de Sèvis Gine("serviço africano") no Haiti, tem também fortes elementos dos povos Igbo, Congo da África Central e o ioruba da Nigéria, embora muitos povos diferentes ou "nações" da África tenham representação na liturgia do Sèvis Gine, assim como os índios tainos, os povos originais da ilha agora conhecida como Hispaniola.
Formas crioulas de vodu existem no Haiti (onde é nativo), na República Dominicana, em partes de Cuba, e nos Estados Unidos, e em outros lugares em que os imigrantes de Haiti dispersaram durante os anos. É similar a outras religiões da diáspora africana, tais como Lukumi ou Regla de Ocha (conhecida também como santería) em Cuba, candomblé e umbanda no Brasil, todas essas religiões que evoluíram entre descendentes de africanos transplantados nas Américas.

Jamaica
Obeah é uma forma de religião ou culto de ancestrais africanos praticado na Jamaica, Voduns.

Voduns
Mawu é o ser supremo dos povos Ewe e Fon, que criou a terra e os seres vivos e engendrou os voduns, divindades que a ("Mawu" é do gênero feminino) secundariam no comando do universo. Ela é associada a Lissá, que é masculino, e também corresponsável pela criação, e os voduns são filhos e descendentes de ambos. A divindade dupla Mawu-Lissá é intitulada Dadá Segbô (Grande Pai Espírito Vital).
  • Loko: é o primogênito dos voduns. Representado pela árvore sagrada Ficus idolatrica ou Ficus doliaria (gameleira-branca).
  • Gu: vodum dos metais, guerra, fogo, e tecnologia.
  • Heviossô: vodum que comanda os raios e relâmpagos.
  • Sakpatá: vodum da varíola.
  • Dan: vodum da riqueza, representado pela serpente do arco-íris.
  • Agué: vodum da caça e protetor das florestas.
  • Agbê: vodum dono dos mares.
  • Ayizan: vodum feminino dona da crosta terrestre e dos mercados.
  • Agassu: vodum que representa a linhagem real do Reino do Daomé.
  • Aguê: vodum que representa a terra firme.
  • Legba: o caçula de Mawu e Lissá. Representa as entradas e saídas e a sexualidade.
  • Fa: vodum da adivinhação e do destino.
Os voduns na África são agrupados em "famílias" chefiadas por um vodum principal, ora representando um elemento ou fenômeno da natureza, ora da cultura. Existem, basicamente, 4 famílias principais:
  • Os Ji-vodun, ou "voduns do alto", chefiados por (forma basilar de Heviossô).
  • Os Ayi-vodun, que são os voduns da terra, chefiados por Sakpatá.
  • Os Tô-vodun, que são voduns próprios de uma determinada localidade (variados).
  • Os Henu-vodun, que são voduns cultuados por certos clãs que se consideram seus descendentes (variados).
No Brasil, os voduns são cultuados nos terreiros de candomblé, sobretudo nos da nação jeje, onde ainda se conserva alguma lembrança da divisão por famílias.

Rituais
Voduns não usam roupas luxuosas, não gostam de roupas de festa e, geralmente, preferem a boa e velha roupa de ração. As danças são cadenciadas em um ritmo mais denso e pesado. Os voduns estão sempre de olhos abertos e, salvo algumas exceções, conversam (usando preferencialmente um dialeto próprio) e dão conselhos a quem os procura.
Iniciação
A iniciação ao culto dos voduns é complexa é longa e pode envolver longas caminhadas a santuários e mercados e períodos de reclusão dentro do convento ou terreiro hunkpame que podem chegar a durar um ano, quando os neófitos são submetidos a uma dura rotina de danças, preces, aprendizagem de línguas sagradas e votos de segredo e obediência.
Hierarquia
  • Bokonon - Sacerdote do vodum Fa equivalente ao Babalawo
  • Doté Sacerdotes (homens) da família de Sogbo e Doné sacerdotisas (mulheres). Esse título é usado no Terreiro do Bogum, onde também são usados os títulos Gaiaku e Mejitó. Similar à Iyalorixá.
  • Noche - Sacerdotisas do Jeje-Mina.
  • Vodúnsi - após 1 ano da iniciação.
  • Kajekaji - iniciado que ainda não completou o ciclo de obrigações.

 

sábado, 17 de setembro de 2016

Dica de filme: Full eclipse

Full Eclipse (br: Operação Nervos de Aço) é um telefilme de terror de ficção científica produzido nos Estados Unidos em 1993 co-escrito por Richard Christian Matheson e Michael Reaves dirigido por Anthony Hickox. A história se passa em Los Angeles, onde o departamento de polícia montou uma equipe exclusiva de agentes que possuem a capacidade de se transformar em lobisomens .

 Sinopse
Bioquímico com intenções duvidosas usa esquadrão de policiais como cobaias. Através de um líquido especial, ele é capaz de dar características animalescas aos seus comandados, formando um grupo de supertiras mantidos através de uma estranha droga injetável que os transformam em criaturas animalescas quase imbatíveis, voltadas para combater o crime como uma espécie de grupo de extermínio. Max recusa-se a participar do grupo, mas, seduzido pela bela Casey Spencer, amante de Garou e também membro de seu grupo, se deixa drogar. Logo ocorrem mudanças em seu organismo e em seu comportamento, e, quando Max tentar voltar atrás, será tarde.
 Elenco
  • Mario Van Peebles.... Max Dire
  • Patsy Kensit.... Casey Spencer
  • Bruce Payne.... Adam Garou
  • Anthony John.... Denison as Jim Sheldon
  • Jason Beghe.... Doug Crane
  • Paula Marshall.... Liza
  • John Verea.... Ramon Perez
  • Dean Norris.... Fleming
  • Willie C. Carpenter.... Ron Edmunds
  • Victoria Rowell....Anna Dire
  • Scott Paulin.... Teague
  • Mel Winkler.... Stratton
  • Joseph Culp.... Detetive Tom Davies

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Ciclo da lua branca e ciclo da lua vermelha

Mirella Faur, referência no movimento de Retorno do Sagrado Feminino, diz que, do ponto de vista mágico, há dois tipos de ciclos menstruais determinados em função da fase lunar em que ocorre a menstruação: o ciclo da lua vermelha e o ciclo da lua branca.
 A mulher pertence ao ciclo da lua branca quando ovula na lua cheia e menstrua na lua negra (sendo o quinto dia a lua minguante, a lua negra acontece nos três dias que antecedem a lua nova). Quando a mulher menstrua por esse ciclo, geralmente ela apresenta melhores condições energéticas parar expressar suas energias criativas e nutridoras, já que nesse caso o auge da fertilidade ocorre durante a lua cheia, estabelecendo relação com o arquétipo da mãe e cuidadora - aspecto do feminino aceito pelo sistema patriarcal.
 Por outro lado, a mulher que ovula na lua negra e menstrua na lua cheia pertence ao ciclo da lua vermelha. Nesse caso, como o auge da fertilidade acontece na fase escura da lua, as energias criativas são direcionadas ao desenvolvimento interior e a energia sexual é usada para fins mágicos, relacionando-se com o arquétipo da bruxamaga ou feiticeira - aspecto do feminino costumeiramente negligenciado e temido pelo patriarcado.
"Ambos os ciclos são expressões da energia feminina, nenhum deles sendo melhor ou mais correto que o outro. Ao longo de sua vida, a mulher vai oscilar entre os ciclos Branco e Vermelho, em função de seus objetivos, de suas emoções e ambições ou das circunstâncias ambientais e existenciais" (FAUR, 2015, p. 499).
Para pertencer ao ciclo da lua branca ou vermelha, a mulher não necessariamente precisa ovular e menstruar nos dias exatos da lunação mencionada anteriormente. Se, por exemplo, ela menstruar dois dias após a lua negra, ainda assim pertencerá ao ciclo da lua branca. Segundo Mirella Faur, a tendência é que, com o passar do tempo, exercitando essas práticas de auto-observação, os ciclos passem a regular-se de forma mais sincrônica.


Referências:

FAUR, Mirella. O Anuário da Grande Mãe. São Paulo: Editora Alfabeto, 2015.